Faz tempo que tenho pensado sobre isso…
Na sociedade industrial aprendemos que tínhamos que organizar as atividades em série e criar especializações, que se transformariam em funções. Um cuidava apenas de montar, outro de apertar os parafusos e outro de pintar…Depois de todas as atividades primarias segmentadas, cada atividade de apoio é também dividida em funções, como RH, TI ou finanças. As funções são fixas nesse contexto.
Na sociedade do conhecimento ao invés de funções, mais estáticas, o que temos é uma orientação maior a projetos, que são dinâmicos. Com a fluidez e velocidade das mudanças nas organizações as funções acabam sendo mais e mais perecíveis, redes de competências e habilidades se movimentam, e o que vale são as pessoas.
Normalmente quando chego a uma nova empresa, em que nunca estive antes, quero saber quem é quem, e quais são suas responsabilidades no momento, e não quais são as funções da empresa e quem ocupa cada cargo. Aliás por incontáveis vezes escutei: “temos um organograma que podemos te passar, mas está desatualizado”. Aliás quem atualmente tem um organograma totalmente atualizado?
Tenho observado que organizações que estão muito presas a organogramas e suas caixinhas não são as melhores para desenvolver pessoas e sucessores, aquelas que focam no desenvolvimento das pessoas e suas equipes, dando-lhes novos desafios e habilitando seu crescimento acabam estando mais preparadas para momentos de transição.
Autorizando me a desviar um pouco, no Brasil temos visto um triste processo de desindustrialização, que torna a vida dos empresários cada vez mais difícil. Como engenheiro de produção, de formação, me deprime perceber esse cenário. Mas me preocupa ainda mais, ver a situação do nosso sistema de educação e o quanto de fato estamos aptos para competir nesse novo contexto, do conhecimento.
Por sorte, somos criativos e incansáveis, e vamos lutando…
Mas voltando ao nosso personograma, sugiro para aqueles que são apegados a funções tornar-se mais apegado a seu próximo projeto ou empreitada. Já para as empresas, que ainda estão buscando construir o organograma perfeito, saibam que ele não existe. Robert Kaplan, Prof. da Universidade de Harvard que se consagrou por conceber a metodologia do Balanced Scorecard, disse uma vez que não se trata de escolher o melhor organograma e sim o menos pior, pois conciliar o eterno conflito entre especialização e generalização é praticamente impossível. Tomo a liberdade de adicionar, que as organizações deveriam investir menos tempo desenhando seus organogramas e definindo as funções e mais em desenvolver e motivar suas equipes, dando lhes desafios e mérito, além de um propósito ampliado.
Enfim, parece que contar com pessoas preparadas e que sabem jogar juntos em torno de uma motivação maior será cada vez mais importante. Será que estamos preparados como indivíduos e nação?
O organismo precisa se reconhecer, combinar posições, compartilhar responsabilidades e garantir comunicação e diálogo.
Funcionando, cumprindo sua missão na realização de projetos.
Trabalha-se nas massas de interação nas áreas.
Diálogos qualificadores precisam ser articulados.
O que importa é a resultante e a qualificada gestão de recursos.
Acertar as relações pessoais amalgamando um modelo orgânico de gestão do negócio é o desafio.