"Esse blog foi editado 2009 e 2017. Não está mais em operação mas segue como arquivo de algumas de nossas reflexões sobre inovação e estratégia."
Série de Artigos Sobre Estratégia – Final
jun./2008 Luís | Estrategiando

Na terceira parte da Série sobre o conceito de estratégia tratamos de mais 6 escolas: a cognitiva, a do aprendizado, a do poder, a cultural, a ambiental e da configuração.

Eu destacaria como a mais relevante, e talvez a que eu mais me identifique, a escola do parendizado, sobretudo pelo conceito fundamental para quem quer trabalhar com estratégia, que é o conceito de Estratégias Emergentes, possivemente um dos próximos artigos em série a serem divulgados aqui no blog.

Nossa próxima série de artigos será sobre a história do BSC – aguarde…

Boa leitura !



O Conceito e as Escolas de Estratégia – Parte Final

Escola COGNITIVA
Trata de como as estratégias se formam, sobretudo na mente do estrategista, pode-se dizer que esta escola ainda apresenta-se em formação, ou seja, as obras que a compõe ainda apresentam certa dispersão em termos de conteúdo. Tem sua origem na obra de Herbert Simon, e em suas evoluções posteriores enfatiza a importância de estruturas mentais para organizar o pensamento, muitas vezes representados por mapas estratégicos. Entre os principais autores relacionados a esse estágio da escola estão: Ann Huff e Karl Weick, autor do conceito de criação de sentido (sensemaking) que será desenvolvido adiante.

Escola de APRENDIZADO
O conceito de estratégia é compreendido como um padrão, ou seja, o principal referencial ao invés de ser o que a organização vai fazer no futuro passa ser o ela que tem feito no tempo e seu aprendizado sobre suas estratégias. Entre as proposições dessa escola, pode-se citar o conceito de estratégias emergentes, que surgem na organização de forma inesperada e muitas vezes assumem importância considerável. Diferentemente das escolas de planejamento, design e posicionamento, que predominantemente prescrevem estratégias, a escola do aprendizado focaliza a descrição de como se formam as estratégias. Entre os principais nomes dessa escola é possível citar Henry Mintzberg, James Quinn e Charles Lindblom que, no início dos anos sessenta, lançou suas bases conceituais.

Escola do PODER
tem o processo de formulação da estratégia como um processo de negociação e influências. Esta escola pode ser classificada em duas grandes vertentes, a que trata do poder em seu caráter micro nas organizações, e o poder macro, que trata do uso do poder pela organização. Teve início nos anos 70 e mantém-se como uma escola de porte pequeno. Entre os principais autores pode-se citar Pettigrew e Sarrazin.

Escola CULTURAL
A formulação da estratégia é um processo coletivo. Com suas origens na antropologia, tem seus primeiros artigos publicados no início dos anos 80 e entre suas principais contribuições destaca-se a teoria baseada em recursos, segundo a qual uma vantagem no mercado só pode ser sustentada quando se baseia em recursos raros, inimitáveis e para os quais os concorrentes não podem encontrar substitutos, um importante autor da administração estratégica a ser citado aqui é Jay Barney.

Escola AMBIENTAL
Os autores dessa escola acreditam que a formulação da estratégia seja um processo reativo pelo qual as organizações nada mais devem fazer que se adaptar ao ambiente, ou seja, as organizações são de certa forma passivas e o ambiente determina a pauta para as mudanças e aquelas que não se adaptam tendem a desaparecer. Deve-se ressaltar a semelhança dessa escola com a escola do posicionamento, que também ressalta a importância do ambiente, como um conjunto de forças econômicas. Alguns dos seus principais autores dessa escola são: Hannan e Freeman.

Escola de CONFIGURAÇÃO
Para essa escola, a premissa é que a formulação da estratégia é um processo de transformação. Para essa escola, é fundamental sustentar a estabilidade, mas reconhecer periodicamente a necessidade de transformação e ser capaz de gerenciar o processo de ruptura, sem destruir a organização. Dado isso, o processo de geração da estratégia pode assumir várias naturezas, como as descritas anteriormente, dependendo do contexto e momento da organização.

Reflexões Finais
Entre as diversas críticas a esta maneira de agrupar as diferentes escolas, duas parecem ser as mais relevantes, a primeira é relacionada ao fato dos autores pertencerem a algumas das escolas, sobretudo a do aprendizado e a da configuração, e devido ao fato de existirem uma série de pontos de confronto entre elas, a análise dos autores sobre as premissas e os pontos fracos pode não ser exatamente imparcial.

A segunda crítica, também já levantada pelos autores é sobre a segmentação para tentar compreender o todo em partes, o que no livro é traduzido pela metáfora do elefante:

Somos cegos e a formulação da estratégia é nosso elefante. Como ninguém teve a visão para enxergar o animal inteiro, cada um tocou uma ou outra parte e prosseguiu em total ignorância a respeito do elefante. Somando as partes, certamente não teremos um elefante. Um elefante é mais que isso. Contudo, para compreender o todo, também precisamos compreender as partes.”

(Safari de Estratégia – MINTZBERG, ALHSTRAND e LAMPEL, 2000, pg. 13).

Um comentário a Série de Artigos Sobre Estratégia – Final

  1. Levi Oliveira disse:

    Minha humilde opinião é que a estratégia é como a espinha dorsal de uma organização, ou seja é a sustentação de todas as partes.
    E entendo que essas teorias, se baseiam em tomadas de decisão, tendo-se tempo abundante, porém não é a nossa realidade atual, a era da informação nos obriga a mudar cada vez mais de pressa, a concorrência é global e não local, como muitas escolas pregam. (Claro, podendo-se adaptá-las para a atual realidade).

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